Lula afirma que traficantes são vítimas e combate aos viciados seria mais fácil

Lula afirma que traficantes são vítimas e combate aos viciados seria mais fácil

Lula diz que “traficantes são vítimas dos usuários” e afirma que seria “mais fácil” combater viciados em entrevista na Indonésia.

Introdução — uma declaração que chacoalha o debate

Quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez a declaração de que Lula diz que traficantes ‘são vítimas dos usuários de drogas’ e que seria ‘mais fácil’ combater viciados, numa entrevista coletiva realizada em Jacarta, Indonésia, surpreendeu observadores, especialistas em segurança pública e a opinião pública. A frase provocou reações imediatas — tanto de críticas duras da oposição quanto de reflexões mais profundas sobre a lógica do combate às drogas no Brasil. Neste artigo, vamos destrinchar o que levou a essa fala, qual o contexto internacional e doméstico, quais as repercussões políticas e sociais, e o que pode significar para as políticas de segurança e saúde no país.


O contexto da fala — onde, quando e por que

A declaração ocorreu durante uma entrevista coletiva em 24 de outubro de 2025, em Jacarta, na Indonésia, quando o presidente Lula criticava a política dos Estados Unidos de agir militarmente contra cartéis e tráfico na América Latina. Segundo reportagem da Veja, ele afirmou: “Os usuários são responsáveis pelos traficantes, que são vítimas dos usuários também. Você tem uma troca de gente que vende porque tem gente que compra, de gente que compra porque tem gente que vende”. VEJA

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Ele aproveitou para sugerir que, em vez de uma intervenção militar em outros países, “talvez fosse mais fácil a gente combater os nossos viciados internamente”. Jornal de Brasília A fala vem em meio a debate sobre soberania nacional, combate ao narcotráfico, cooperação internacional e políticas de drogas — e reverbera fortemente no Brasil, onde a segurança e o tráfico são temas centrais.

Entender essa frase exige enxergar três eixos: o internacional (crítica à política estadunidense), o estrutural (como o Brasil lida com tráfico e dependência) e o retórico-político (mobilização discursiva de um presidente). Essa junção faz com que a frase de que “Lula diz que traficantes ‘são vítimas dos usuários de drogas’ e que seria ‘mais fácil’ combater viciados” tenha impacto para além de um simples lapso de linguagem — é uma peça de estratégia e identidade política.


Análise da fala — o que há por trás da frase

A inversão dos papéis

Na afirmação de que traficantes são “vítimas” dos usuários, Lula propõe uma inversão de papéis: normalmente, o discurso público coloca os traficantes como os predadores e os usuários como as vítimas. Mas, ao dizer que tra­ficantes ‘são vítimas dos usuários de drogas’, ele propõe que o elo entre oferta e demanda faça com que o usuário também tenha responsabilidade — e, por consequência, o traficante seja menos “ator principal”.

Essa inversão não é mera retórica: toca na base do debate sobre drogas — oferta ou demanda? Quem gera quem? E abre caminho para questões como: se os usuários são “responsáveis”, qual o papel do Estado no tratamento vs. punição? Qual o papel da polícia, da saúde, da educação?

Lula afirma que traficantes são vítimas e combate aos viciados seria mais fácil

O foco no usuário/viciado

Ao afirmar que “seria mais fácil combater viciados”, Lula coloca o foco no dependente, no usuário, como parte essencial da solução. Isso remete a políticas de saúde pública — tratamento, recuperação — e sugere deslocamento da lógica predominantemente policial ou punitiva para a lógica de prevenção e cuidado.

A crítica à abordagem militar e internacional

A fala veio num contexto de crítica à intervenção dos EUA contra cartéis e ações extraterritoriais. Lula argumentou que não se pode “simplesmente dizer que vai invadir, que vai combater o narcotráfico na terra dos outros sem levar em conta a Constituição dos outros países, a autodeterminação dos povos, a soberania territorial de cada país”. Jornal de Brasília Assim, essa declaração não se restringe ao Brasil: conecta-se a uma visão de política externa, de tratamento de drogas e de cooperação internacional.


Repercussões imediatas — política, mídia e sociedade

A repercussão foi rápida e intensa. A oposição aproveitou para criticar o governo, alegando que a declaração minimiza o papel dos traficantes e transfere responsabilidade para usuários, quando o que se espera é uma postura de firmeza contra crime organizado. Metrópoles

Nas redes sociais e na mídia, frases como “vítima é o povo brasileiro dessa visão em que as vítimas são culpadas e os culpados são vítimas” foram usadas por opositores. VEJA Atualmente, esse tipo de declaração ocorre em um momento de recuperação de popularidade para Lula, o que torna o impacto ainda mais sensível para diferentes grupos. VEJA

Do ponto de vista social, a declaração reacendeu o debate sobre se a dependência química deve ser tratada como crime ou como questão de saúde pública. Especialistas em segurança apontam que, se por um lado a fala abre espaço para políticas de prevenção, por outro pode ser vista como relativização do tráfico. A ciência indica que o combate ao tráfico exige tanto redução da demanda como repressão à oferta — ambos integrados.


Implicações para políticas públicas de drogas e segurança

Prevenção vs repressão

A fala de que “seria mais fácil combater viciados” aponta para um possível redirecionamento da política pública de drogas — de ênfase repressiva para ênfase em tratamento, prevenção, redução de danos e reabilitação. Isso exige investimento em estrutura de saúde mental, programas de recuperação, articulação entre saúde, assistência social e segurança.

Se o governo vier a adotar essa lógica, mudanças legislativas e institucionais podem ocorrer: leis que tratam usuários de forma diferente, modificação da política de repressão ao tráfico, maior ênfase em cooperação internacional para desmantelar redes de oferta e tratar as raízes da demanda. Lula, aliás, já tinha afirmado anteriormente que diferenciar usuário e traficante era “nobre” e que o tratamento das drogas pelo Código Penal era “equívoco”. CNN Brasil

Desafio da coerência

Para que essa lógica tenha consistência, o governo precisará demonstrar que vai atuar com firmeza tanto sobre quem vende quanto sobre quem compra, sem que haja sensação de impunidade. A crítica da oposição em torno da declaração reforça que existe risco de que a sociedade interprete essa posição como leniência com o crime organizado ou como falta de prioridade à segurança pública.


Críticas e desafios da abordagem proposta

Apesar das boas intenções declaradas, a frase de que Lula diz que traficantes ‘são vítimas dos usuários de drogas’ e que seria ‘mais fácil’ combater viciados enfrenta sérios desafios:

  1. Percepção de culpabilização dos usuários: Ao enfatizar que são os usuários que “alimentam” o tráfico, há o risco de que os viciados sejam estigmatizados ou culpabilizados, em vez de receberem tratamento adequado como vítimas da dependência química.
  2. Risco de relativização do tráfico: A ideia de que os traficantes são “vítimas dos usuários” pode ser interpretada como tentativa de atenuar a responsabilidade penal ou moral dos criminosos que comandam redes de violência, corrupção e tráfico de morte.
  3. Implementação prática: Mudar a ênfase da política de drogas exige anos de investimento em saúde, educação, infraestrutura social — sem contar reformas na segurança pública. Apenas mudar o discurso não transforma a realidade.
  4. Tempestade política: Como vimos, a declaração já se tornou munição para adversários. Isso pode dificultar articulações políticas necessárias para mudança legislativa ou de recursos.

Reflexões sobre o futuro — o que essa fala pode sinalizar

A frase do presidente pode ser vista como sinal de mudança de paradigma — de uma postura mais tradicional de “guerra às drogas” para uma visão integrada de saúde pública, direitos humanos e cooperação internacional. Se for acompanhada de ações concretas, essa mudança pode gerar efeitos positivos: diminuição da reincidência, foco nas causas da dependência, melhoria na segurança pública.

Por outro lado, sem correspondência prática, a declaração corre o risco de ficar como discurso simbólico, gerando frustração na sociedade. A expectativa passa a ser: qual será o próximo passo? Vai haver um plano nacional de tratamento? Maior articulação entre estados? Reformas legislativas? E como se dará o equilíbrio entre repressão ao tráfico e cuidado ao dependente?


Conclusão

A declaração de que Lula diz que traficantes ‘são vítimas dos usuários de drogas’ e que seria ‘mais fácil’ combater viciados coloca no centro do debate brasileiro a complexa relação entre usuário, traficante, Estado e sociedade. Ao inverter papéis e apontar o usuário como peça-chave, o presidente provocou reflexão — e polêmica. O momento exige que esse discurso seja acompanhado de ação, clareza e responsabilidade, para que não se torne apenas mais uma frase de efeito.

O Brasil está diante de uma encruzilhada: ou a política de drogas se moderniza e se baseia em dados, saúde pública e cooperação; ou permanece num ciclo de repressão ineficaz e desconfiança social. O próximo capítulo dependerá menos das palavras e mais das decisões — e a sociedade estará atenta a isso.

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Redação Bahia Atual
Redação Bahia Atual

Apaixonado por inovação, atua na interseção entre tecnologia e finanças, com foco em soluções digitais que transformam a forma como lidamos com o dinheiro. Com experiência em análise de dados, automação de processos e sistemas financeiros, busca otimizar a tomada de decisões por meio da tecnologia.

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