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Brasília, Brasil – Em uma decisão que reverberará por todo o cenário digital brasileiro, o Ministério da Justiça e Segurança Pública elevou, nesta quarta-feira, 11 de junho de 2025, a classificação indicativa do Instagram. A partir de agora, a popular rede social passa a ser recomendada apenas para maiores de 16 anos, uma mudança significativa em relação à orientação anterior, que permitia seu uso a partir dos 14 anos. A nova diretriz, oficialmente publicada no Diário Oficial da União, fundamenta-se na premente necessidade de proteger o público infantojuvenil frente a um crescente volume de conteúdos potencialmente prejudiciais que circulam nas plataformas digitais.
A medida surge em um contexto de intensa discussão global sobre os impactos das redes sociais na saúde mental e no desenvolvimento de crianças e adolescentes. A pasta ministerial justifica a alteração levando em conta a onipresença de publicações que envolvem temas sensíveis como drogas, violência extrema e sexo explícito, elementos considerados impróprios e potencialmente danosos para adolescentes mais jovens em formação. Segundo o Ministério da Justiça, o objetivo primordial é encontrar um equilíbrio delicado entre a liberdade de expressão, um pilar fundamental da internet, e a proteção integral do desenvolvimento psíquico e emocional de crianças e adolescentes, que são particularmente vulneráveis aos estímulos e pressões do ambiente online. O Instagram, como outras plataformas, terá o direito de apresentar recurso contra essa decisão, abrindo um novo capítulo no diálogo entre governo e gigantes da tecnologia.
A decisão do Ministério da Justiça reflete uma preocupação crescente não só no Brasil, mas em diversas partes do mundo. A proliferação de conteúdos inadequados para menores de idade nas redes sociais se tornou um desafio complexo. O que era antes um espaço de conexão e entretenimento, agora é também um terreno fértil para a exposição a:
A exposição a tais conteúdos pode ter sérias implicações no desenvolvimento psíquico de crianças e adolescentes, levando a problemas como ansiedade, depressão, distorções de imagem corporal, comportamentos de risco e até mesmo pensamentos suicidas. Portanto, a ação do Ministério é vista como uma tentativa de criar uma barreira protetora, um filtro etário mais robusto para mitigar esses riscos. O desafio é calibrar essa proteção sem sufocar a liberdade de expressão, um direito fundamental.
Em nota oficial, a Meta, empresa controladora do Instagram, respondeu à decisão do Ministério, destacando seus esforços contínuos em segurança e bem-estar digital de seus jovens usuários. A gigante da tecnologia afirmou que há mais de uma década trabalha no desenvolvimento de ferramentas e políticas para proteger adolescentes e apoiar suas famílias na navegação online. Entre as iniciativas citadas, a Meta fez questão de mencionar o lançamento recente da “Conta de Adolescente”, que integra recursos dedicados a uma navegação mais segura, como configurações de privacidade mais restritivas por padrão, ferramentas para gerenciamento de tempo de tela e controles parentais.
Apesar de reconhecer a importância da proteção juvenil, a Meta expressou críticas contundentes à metodologia utilizada para a nova classificação, conhecida como Classind. A empresa argumenta que o sistema atual desconsidera as inúmeras medidas de proteção já implementadas pelas plataformas. Na visão da Meta, o Classind, originalmente concebido para classificar filmes, programas de TV e jogos, não se adapta adequadamente à natureza dinâmica e gerada por usuários das redes sociais. A metodologia atual, segundo eles, não consegue diferenciar conteúdos impróprios da existência de ferramentas de segurança, o que leva a classificações que não refletem a realidade dos ambientes controlados que as plataformas buscam criar.
A companhia informou ainda que participará ativamente da consulta pública aberta pelo Ministério da Justiça para revisar os critérios da classificação indicativa. Esse é um movimento estratégico da Meta, que busca influenciar a construção de um novo modelo de classificação que seja mais justo, eficaz e adaptado às particularidades das redes sociais. A empresa espera que a discussão leve a um sistema que não apenas identifique conteúdos sensíveis, mas também leve em conta as tecnologias e as políticas de moderação que as plataformas já empregam.
O sistema Classind (Sistema de Classificação Indicativa Brasileiro) é uma ferramenta do Ministério da Justiça criada para informar pais e responsáveis sobre a adequação de programas e produtos de entretenimento à faixa etária, baseando-se em critérios como violência, sexo e drogas. No entanto, sua aplicação a redes sociais apresenta desafios únicos:
A consulta pública é uma oportunidade crucial para que o governo, a indústria, a academia e a sociedade civil construam um modelo de classificação indicativa que seja mais sofisticado e que realmente auxilie pais e responsáveis, sem penalizar desproporcionalmente as plataformas que investem em segurança.
A reavaliação da faixa etária permitida em redes sociais vem sendo uma pauta constante e prioritária do governo federal. Essa não é a primeira vez que o Ministério da Justiça age nesse sentido. Em abril, a pasta já havia mantido o TikTok com classificação de 14 anos após a empresa apresentar recurso e demonstrar suas medidas de proteção. Embora a classificação do TikTok não tenha sido alterada, a manutenção da idade mínima já sinalizava uma postura mais atenta e rigorosa do governo brasileiro.
Esse movimento conjunto, envolvendo o Instagram e o TikTok, revela uma tendência clara: o governo brasileiro está determinado a intensificar a fiscalização e a regulação do impacto das redes sociais sobre o público jovem. Essa abordagem mais rigorosa se alinha a debates globais sobre:
A pressão para que as plataformas assumam maior responsabilidade é global. Países da Europa, Estados Unidos e outras nações têm discutido legislações e regulações mais duras para as big techs, buscando um equilíbrio entre inovação, liberdade e segurança. O Brasil, com a decisão do STF e as ações do Ministério da Justiça, se posiciona como um dos países que caminham para um controle mais efetivo do ambiente digital.
A elevação da classificação indicativa do Instagram para 16 anos terá múltiplos impactos:
O caminho à frente para o Instagram e outras plataformas digitais no Brasil é de adaptação e diálogo. A consulta pública é uma oportunidade crucial para que a indústria contribua com soluções que atendam às preocupações do governo e da sociedade. O objetivo final é criar um ambiente digital que seja seguro, educativo e inspirador para as futuras gerações, sem sacrificar a liberdade e a inovação. A decisão do Ministério da Justiça é um passo ousado nessa direção, sinalizando que a era da “liberdade total” sem responsabilidade no ambiente digital está chegando ao fim no Brasil.