Lula defende cooperação sul-americana contra o crime organizado e outros desafios urgentes
Em um discurso contundente durante a Cúpula do Mercosul, em Foz do Iguaçu, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou a necessidade urgente de intensificar a cooperação entre os países sul-americanos para combater o crime organizado. Lula enfatizou que essa luta deve ser uma prioridade do bloco, independentemente das orientações políticas de cada governo.
O presidente brasileiro ressaltou que o enfraquecimento das instituições democráticas abre portas para atividades ilícitas, e citou uma série de iniciativas já em andamento entre as nações. Ele lembrou a criação de instâncias especializadas no combate às drogas, acordos contra o tráfico de pessoas e a formação de grupos de trabalho para recuperar ativos, visando cortar o financiamento do crime.
Lula também defendeu a regulamentação de ambientes digitais para conter o avanço do crime e anunciou a convocação de uma reunião internacional de ministros da área de segurança. A proposta visa fortalecer a cooperação sul-americana contra o crime organizado transnacional, reconhecendo que a internet não pode ser um território sem lei. Conforme informação divulgada pelo presidente, o Brasil, em consulta com o Uruguai, propõe a criação de um fórum dedicado a este tema, dentro do Consenso de Brasília.
Combate ao crime organizado e a importância da regulação digital
O presidente Lula frisou que a segurança pública é um direito do cidadão e um dever do Estado, independentemente de ideologia. Ele mencionou que o Mercosul já demonstrou disposição para enfrentar as redes criminosas de forma conjunta. Há mais de uma década, foi criada uma instância de autoridades especializadas em políticas contra as drogas.
Neste semestre, foi assinado um acordo contra o tráfico de pessoas, e uma comissão foi criada para implementar uma estratégia comum contra o crime organizado transnacional. Além disso, foi instituído um grupo de trabalho especializado sobre recuperação de ativos, com o objetivo de sufocar as fontes de financiamento das atividades ilícitas.
Lula defendeu a regulação dos ambientes digitais, afirmando que a internet não é um território sem lei. Ele anunciou uma reunião internacional com ministros da área de segurança para debater como fortalecer a cooperação sul-americana no combate ao crime organizado. Ele destacou a importância de proteger crianças e adolescentes e dados pessoais em ambientes digitais, pois a liberdade é a primeira vítima de um mundo sem regras.
Violência contra a mulher: um alerta para a América Latina
Outro ponto crucial abordado por Lula foi a violência contra as mulheres, um desafio de segurança pública em toda a América Latina. Ele lamentou que a região ostente o triste recorde de ser o local mais letal para as mulheres no mundo, com 11 assassinatos diários, segundo dados da Cepal.
O presidente anunciou o envio ao Congresso Nacional de um acordo para que mulheres com medidas protetivas em um país do bloco recebam a mesma proteção nos demais. Lula propôs ao Paraguai, que assume a presidência do Mercosul, a criação de um grande pacto pelo fim do feminicídio e da violência contra as mulheres.
Risco de conflito na Venezuela e a defesa da paz sul-americana
Lula também expressou preocupação com o risco de um conflito armado na América do Sul, citando a ameaça de intervenção militar dos Estados Unidos na Venezuela. Ele alertou que uma intervenção armada seria uma catástrofe humanitária para o hemisfério e um precedente perigoso para o mundo.
O presidente defendeu uma doutrina de paz na América do Sul e exaltou a capacidade das instituições brasileiras em debelar a tentativa de golpe de Estado ocorrida em 8 de janeiro de 2023. Lula afirmou que, pela primeira vez na história, o Brasil acertou as contas com o passado, com os culpados investigados, julgados e condenados conforme o devido processo legal.











