Oruam: vida, música e polêmicas do rapper carioca

Oruam: vida, música e polêmicas do rapper carioca

Conheça a trajetória, o estilo e os desafios de Oruam, artista controverso que divide opiniões e gera debates intensos.

Oruam: quem é o artista que gera tanta discussão

No cenário musical brasileiro, algumas figuras emergem não apenas por talento, mas por histórias que provocam debates intensos. Oruam é uma dessas presenças — um jovem rapper carioca cuja música carrega força poética, identidade de favela e polêmicas que ultrapassam os palcos. Sua trajetória mistura arte, herança familiar e questionamentos públicos.

Neste artigo, vamos mergulhar em sua biografia, ascensão na música, controvérsias que circundam seu nome e o impacto cultural que ele exerce — para além dos hits. Acompanhe este panorama completo e humano de quem transita entre elogios e reprovações.

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Trajetória, raízes e estilo musical

Origens nos morros do Rio e influência familiar

Mauro Davi dos Santos Nepomuceno, nascido em 1º de março de 2001 (ou 2000, conforme algumas fontes), é mais conhecido como Oruam. Ele cresceu na favela Cidade de Deus, zona oeste do Rio de Janeiro, imerso nas complexidades sociais e culturais desse ambiente. Wikipédia+2CNN Brasil+2

Sua linhagem tem peso simbólico e controverso: seu pai é Marcinho VP, figura conhecida por envolvimento com o Comando Vermelho (CV). Embora preso há décadas, sua imagem esteve presente no imaginário do artista. CNN Brasil+3Wikipedia+3Wikipédia+3

A maternidade também tem protagonismo em sua vida: sua mãe, Márcia, já cumpriu pena breve e foi apontada como referência no cuidado familiar. Wikipédia+2Wikipedia+2

Início na música e o salto com “Invejoso”

Embora sempre tenha convivido com o universo musical da favela — funk, trap, proibidão — Oruam só começou a gravar oficialmente em 2021. Seu primeiro registro de estúdio foi a faixa “Invejoso”, em parceria com nomes da cena carioca como Jhowzin, Raffé e Chefin. A música viralizou rapidamente e o catapultou para o destaque nacional. Wikipédia+3Wikipedia+3CNN Brasil+3

Com o sucesso de “Invejoso”, ele assinou contrato com a gravadora Mainstreet, fundada por Orochi, que mistura trap e elementos do funk. Esse passo foi decisivo para sua inserção comercial mais estruturada. Wikipedia+2Dazed+2

Em 2022, foi eleito “Revelação do Trap” na premiação Sobre Funk, consolidando-se como promessa da cena urbana brasileira. Wikipédia+1

Oruam: vida, música e polêmicas do rapper carioca
Oruam: vida, música e polêmicas do rapper carioca

Identidade artística: estética, sonoridade e imagem pública

Musicalmente, Oruam transita entre trap, funk e elementos autobiográficos. Ele usa metáforas, imagens da favela, da dor e da ascensão para compor suas letras. O estilo visual reforça essa identidade: cabelo vermelho, roupas de marca, postura provocativa e simbologias que evocam tanto poder quanto sofrimento. Dazed+2Wikipédia+2

Ele é digital nativo: sua presença nas redes sociais é parte do show, com engajamento direto com fãs e provocações que viralizam. Dazed+2CNN Brasil+2

Em entrevistas, ele revela que nem sempre quis estar nos holofotes, mas que a música, para ele, era inevitável como desabafo e expressão consciente de quem vive realidades marginais. Dazed+1


O álbum “Liberdade” e momentos de choque público

Lançamento estratégico e narrativa simbólica

No dia 20 de fevereiro de 2025, Oruam lançou seu primeiro álbum de estúdio, Liberdade. A data coincide com a repercussão de episódios que marcam sua carreira: prisões, debates públicos, projetos de lei. Wikipédia+3Wikipédia+3CNN Brasil+3

A capa do disco é carregada de significado: em preto e branco, Oruam aparece junto a membros da família, todos usando camisetas com a imagem de Marcinho VP e a palavra “liberdade”. Essa estética reforça o discurso de redenção, memória e conflito familiar. Wikipédia+2Dazed+2

Já nas primeiras horas, faixas como “22 Meu Vulgo”, “Lei Anti O.R.U.A.M.” e “Madrugada é Solidão” dominaram plataformas de streaming e YouTube entre os mais visualizados na categoria musical urbana. Wikipédia+2Dazed+2

“Lei Anti‑Oruam” e o embate político-cultural

Antes mesmo do álbum sair, sua figura protagonizou um debate legislativo: em 23 de janeiro de 2025, a vereadora de São Paulo Amanda Vettorazzo propôs uma lei municipal que proibiria eventos com artistas que façam apologia ao crime ou organizações criminosas. O projeto foi apelidado de “lei anti‑Oruam”. Wikipedia+3Wikipédia+3CNN Brasil+3

Pouco depois, o deputado Kim Kataguiri anunciou uma versão federal da proposta, ampliando o debate para nível nacional. A justificativa oficial invoca a proteção institucional contra artistas cujo discurso poderia “promover crime organizado”. Wikipedia+2CNN Brasil+2

O rapper reagiu desde suas músicas e redes, afirmando que parte desse tipo de legislação é “criminalização cultural” — ou seja, tentativa de sufocar manifestações negras, periféricas e marginalizadas. Dazed+2CNN Brasil+2

Esse embate político-artístico não é meramente simbólico: ele toca em questões profundas de censura, liberdade criativa e as linhas tênues entre arte, discurso social e legislação.

Prisões, controvérsias e especulações

Em 20 de fevereiro de 2025, Oruam foi detido no Rio de Janeiro ao fazer manobra perigosa (cavalo de pau) em frente a viatura da Polícia Militar durante blitz. Ele foi autuado por direção perigosa e liberado mediante pagamento de fiança de R$ 60 mil. CNN Brasil+3Wikipedia+3Wikipédia+3

Na ocasião, foram levantadas suspeitas de que a ação teria sido orquestrada como estratégia de marketing, pois horas depois ele divulgou o novo álbum. Alguns veículos sugeriram que amigos gravaram a detenção para incorporar ao clipe ou narrativa. Wikipedia+2Wikipédia+2

Seis dias mais tarde, ele foi preso novamente — dessa vez por abrigar um foragido (Yuri Pereira Gonçalves) em sua casa. Durante busca e apreensão, autoridades encontraram armas e munição com o foragido. Oruam foi liberado no mesmo dia após assinar termo circunstanciado. Wikipedia+2CNN Brasil+2

Mais adiante, o Tribunal de Justiça do Rio decretou prisão preventiva, denunciando o artista por diversos crimes: associação ao tráfico, tentativa de homicídio, desacato, ameaça, lesão corporal, resistência e dano. A prisão foi solicitada após ele ser envolvido em episódio que implicava impedir a prisão de um menor acusado de tráfico. Wikipédia+1

Sua defesa contesta aspectos técnicos das acusações e afirma que certas provas são frágeis ou não suficientemente comprovadas. Wikipédia+1

Esses episódios alimentaram discussões sobre limites entre artista e acusação criminal, reputação pública e o uso do poder midiático.


Impactos culturais, simbólicos e mídia

Voz da favela: discurso e representatividade

Mesmo envolto em controvérsia, Oruam se tornou símbolo musical de vozes periféricas. Seu discurso evoca dor, injustiça, amor e revolta, refletindo realidades marcadas pela desigualdade, violência policial e memória familiar. Ele combina estética urbana com poesia urbana, fazendo com que muitos jovens se identifiquem com suas letras. Dazed+2CNN Brasil+2

Sua ascendência ressoa também como fenômeno de visibilidade negra periférica no cenário nacional, ampliando debates sobre quem pode ocupar espaço na cultura central e sob quais condições.

Controvérsia midiática e debates de responsabilidade

Ao pautar projetos de lei e virar alvo de medidas políticas, o artista virou cobaia de debates mais amplos: quem define o que é “apologia ao crime”? Até que ponto arte pode ser fiscalizada por Estado ou legislativo? A discussão envolve tanto liberdade de expressão quanto os riscos de discursos que poderiam ser interpretados como incentivo ao crime.

Portais e revistas como Dazed publicaram perfis provocativos, celebrando sua estética e som, mas recebendo críticas por “glamourizar” figuras ligadas ao crime. Tal escolha editorial gerou reações variadas no Brasil. Dazed+1

Críticos acusam que parte da cobertura midiática pode reforçar estigmas e estereótipos de artistas periféricos como “perigosos”. Já defensores apontam que o processo de criminalização cultural — historicamente observado no Brasil — segue ativo, especialmente diante da estética urbana.

Economia, visibilidade e mercado musical

Apesar das turbulências, Oruam alcançou números expressivos em plataformas de streaming, visualizações no YouTube e repercussão digital. Seu álbum “Liberdade” foi um marco não apenas artístico, mas estratégico para sua carreira. Dazed+3Wikipédia+3Wikipedia+3

Isso demonstra que artistas periféricos conseguem converter repercussão — até mesmo negativa — em consumo cultural e capital simbólico. De certa forma, ele explora a lógica da visibilidade intensa como parte do próprio plano artístico.


Desafios, críticas e o futuro possível

Entre os principais desafios de Oruam estão a necessidade de provar sua inocência, manter integridade artística sob pressão política e resistir à estigmatização que muitas vezes acompanha artistas de origem periférica.

Há críticas legítimas: relacionadas às investigações policiais, à responsabilidade diante de letras com possíveis interpretações controversas e à forma como ele se posiciona publicamente. Aventam-se dúvidas sobre até que ponto seu discurso pode ser responsabilizado por ações de fãs radicais, ameaças ou reações violentas.

Por outro lado, há espaço para que ele reconfigure seu protagonismo como voz transformadora, utilizando seu alcance para pautar causas sociais, diálogo com juventude e exemplo de resistência. Se conseguir articular talento, fala crítica e substância, pode exceder o papel de polêmico — e se tornar referência cultural duradoura.


Conclusão

Oruam emerge como figura complexa e multifacetada: artista talentoso com estética arrojada, filho de um líder criminoso, envolvido em polêmicas, alvo de ataques legislativos, mas também voz viva da favela e expressor de narrativas que pulsam nas margens da sociedade. Sua trajetória questiona quem decide o que é arte aceitável e quais territórios são permitidos à cultura periférica.

O destino de sua carreira depende não apenas de provas judiciais, mas da forma como ele se posicionará frente à história que carrega — e ao público que o acompanha. Em meio a conflitos e potencial, há possibilidade de que sua voz transcenda escândalos e vire parte efetiva de mudanças culturais mais amplas.

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Redação Bahia Atual
Redação Bahia Atual

Apaixonado por inovação, atua na interseção entre tecnologia e finanças, com foco em soluções digitais que transformam a forma como lidamos com o dinheiro. Com experiência em análise de dados, automação de processos e sistemas financeiros, busca otimizar a tomada de decisões por meio da tecnologia.

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